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punch drunk love

um blog romântico

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

A última equação 

Minutos antes de beijá-la pensou que poderia se apaixonar por ela. Seria fácil. Mais fácil do que fugir do sentimento, mais fácil do que fingir uma frieza propícia para baladas. Mas fingiu. Fez-se pretensamente forte, acima dessa coisa mundana e baixa que é o amor. Sentimentos para que? Para sofrer depois?

***

Passaram-se alguns meses até que se viram novamente. Desta vez a sensação de que poderia se apaixonar veio depois dos beijos, da conversa, das surpresas do que havia em comum entre os dois. Os problemas começaram, as brigas frias entre vozes sem agudo e sem grave ao telefone. A recusa crescendo, o medo crescendo. Na cabeça de muitos amor é problema. Talvez seja mesmo, um problema a ser resolvido, a última equação da matemática. Ele queria resolver este problema.

***

Ouvindo Joni Mitchell escutou uma frase que dizia: nós amamos amar, mas amamos ainda mais a liberdade. Nesta hora chovia forte, depois de um dia lindo e sem chuva, um parênteses no inverno que tomou conta do verão. Ele, sozinho em casa e ela, onde estaria? Despertando novas paixões, abafando outras? Mais variáveis para a equação.
posted by Guilherme  # 2/27/2004 10:17:00 PM

Sabedoria 

Eu sei que se quisesse eu te teria.
Sei que se pedisse você me beijaria.
Sei até que você poderia me desejar o quanto eu desejasse.
Sei mesmo que poderíamos chegar a nos unir, talvez pra sempre.
Sei que é apenas uma questão de querer.
Mas enquanto não posso querer, fico aqui.
Olhando você.
Desejando você.
Imaginando o dia em que eu vou ter coragem.
Apenas sabendo...

posted by Ce  # 2/27/2004 01:36:00 PM

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

BPM 

Aquilo para mim era o amor.
Toda noite eu saia, como de costume, para tocar numa casa noturna de São Paulo. Três e meia da manhã eu pegava meus discos e mixava o som para a galera dançar. A casa sempre cheia. As pessoas de sempre.
Foi numa dessas noites de sexta que eu a vi. Ela não era nem mais diferente, nem mais normal que qualquer um dos outros que estavam ali. Mas a música, a música surtia nela um efeito diferente. Era como se a música a tomasse e fosse passando por cada parte do corpo dela. Ela dançava divinamente. Dava gosto de vê-la dançar. E era a minha música que ela dançava.
Gostava de ver a reação que a música tinha nela, mudava os graves, aumentava as batidas e o corpo dela todo acompanhando, como se ele fosse leve e livre para receber os impulsos das caixas.
Quando dei por mim eu só tocava pra ela. Nunca havia tocado tão bem em minha vida. E toda a sexta ela estava lá, dançando para mim. Com um sorriso enorme, seguindo a música, que ela não sabia, mas eu fazia para ela.
Passei a me esforçar mais em casa, buscava novos discos, novos jeitos de tocar, pesquisava novos músicos, tudo pra vê-la feliz. Nenhum dia era tão bom quanto sexta. E aquilo começava a ser perceptivo. O dono da boate não reclamava, por achar que era algum tipo de auto promoção, mas eu sabia e desejava que ela também o soubesse, que para mim, só havia música quando ela dançava.
E houve a sexta feira em que, após meses, ela não veio. Não consegui me concentrar. Não pude tocar direito. As notas não faziam sentido sem que o balanço dela sincronizasse tudo na minha mente. Foi um desastre. Voltei para casa derrotado.
Na outra sexta feira, esperançoso subi na pick up, esperando vê-la, mas não havia sinal dela. Chamei o dono do lugar, disse que não estava bem. Arrumei os discos e estava indo em direção a porta, para casa, sonhar com ela, quando a trombei logo na porta.
— Eu perdi! Já acabou?! Não acredito! — ela olhou decepcionada para mim.
— Só vou buscar algo no carro — respondi tímido.
Ela sorriu e pagou a entrada. Eu esperei até que o tempo de buscar algo no carro pudesse ter passado. Entrei de volta para a surpresa de todos. Sou profissional. Essa foi minha resposta.
Olhei para o toca discos feliz, ela estava lá, os olhos brilhando, o mesmo sorriso, e eu nem ao menos sabia seu nome. Mas não importava, só precisava vê-la dançar a minha música.
Aquilo para mim era o amor.

posted by Ce  # 2/09/2004 04:40:00 PM

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